Histeria e sexualidade - Clínica, estrutura, epidemias

O termo “histeria” adquiriu popularmente uma acepção pejorativa, passando a designar com desprezo o que é visto como excessivo no feminino. Tal sentido, no entanto, ignora ou menospreza a riquíssima e tumultuada história do fenômeno histérico. Dando prosseguimento à sua trilogia sobre sexualidade contemporânea, Marco Antonio Coutinho Jorge e Natália Pereira Travassos abordam aqui a relação entre histeria e sexualidade.

O exame psicanalítico da histeria revela surpresa. Conhecida e estudada desde a Antiguidade, origem da descoberta do inconsciente, estrutura dividida e conflitiva do sujeito, posição discursiva fundamental, recusada pela psiquiatria contemporânea (que não sabe com o incluí-la no rol das patologias médicas) – a histeria atravessou os séculos numa trajetória acidentada e marcada por epidemias. Este livro traz um panorama geral dessa afecção impressionante e nomeia a nova roupagem que ela assumiu na virada do milênio: histeria de gênero. Dividido em cinco partes, trata de clínica, estrutura e epidemias de histeria, debruçando-se ainda sobre a crucial dissecação dos discursos empreendida por Lacan. Ao final do volume, uma tabela sintetiza o essencial da álgebra lacaniana, esclarecendo como ler e interpretar os principais matemas – um auxílio precioso para o leitor de psicanálise.
 

Transexualidade - O corpo entre o sujeito e a ciência


Uma análise relevante e cuidadosa para um debate atual e indispensável

A transexualidade tem sido tratada de modo corriqueiro e banalizado. Claro que ela deve ser considerada com naturalidade, porém a falta de qualquer pausa ou indagação surpreende, já que o processo transexualizador implica tratamentos médicos sérios, muitos irreversíveis.

Esse livro trata o tema sob o prisma da psicanálise. Ressaltando os aspectos essenciais da sexualidade humana, traz uma breve história da transexualidade na medicina, na psicanálise e na cultura. Propõe discussões relevantes e pouco exploradas, como destransição e a relação entre homofobia e transexualidade. Questiona a rapidez da medicina ao atender às demandas de adequação corporal dos transexuais, e marca posição sugerindo prudência e refinamento nas avaliações dos casos de transexualidade, sobretudo na infância. Para isso, defende que situemos a transexualidade nas encruzilhadas da cultura e seus efeitos sobre a vivência da sexualidade.

Repudiando tanto a patologização da condição trans quanto a simplificação leviana do que ela envolve, é uma ótima contribuição para um debate, e uma realidade, que promete prosseguir vivo.

"Graças a um estudo profundo e a uma análise pertinente, esse é um grande livro. Tão surpreendente pelo conteúdo quanto pela forma. Ideias novas expostas com a maior clareza." Betty Milan

 

Fundamentos da psicanálise de Freud a Lacan - vol. 1


Uma introdução à psicanálise a partir de seus fundamentos, este livro desenvolve amplamente os dois eixos principais, e intimamente articulados, da teoria psicanalítica: a sexualidade e a linguagem. Elaborados por Freud, e reestruturados por Lacan como os registros real-simbólico-imaginário, é em torno desses eixos que são construídas as bases conceituais da psicanálise. O eixo da sexualidade apresenta o conceito de pulsão como resultado do diálogo entre Freud e Fliess sobre a bissexualidade. Visando situar o abandono do funcionamento instintual e o advento do pulsional como o evento fundador da espécie humana, o autor lança mão das indicações de Freud sobre o recalque orgânico e dos avanços da paleoantropologia (sobretudo no que diz respeito à aquisição da postura ereta). Introduz ainda a noção de pulsão olfativa como uma pulsão parcial curiosamente esquecida pelos psicanalistas. O segundo eixo – da linguagem – revela a estrutura do inconsciente e foi nomeado por Lacan de “simbólico”: um saber que vem ocupar o lugar da falta de saber instintual. O leitor encontrará aqui reunidos, pela primeira vez, seus inúmeros elementos: o encontro entre Saussure e Lacan, a lógica do significante e sua primazia, a distinção entre signo e significante, a metáfora e a metonímia. As teses lacanianas sobre a linguagem são analisadas à luz dos achados freudianos sobre a estrutura dos pares antitéticos – em particular, das palavras de significados opostos – nos chistes, nos sonhos, na ironia.

 

Fundamentos da psicanálise de Freud a Lacan - vol. 2


Este livro dá sequência à obra Fundamentos da psicanálise, lançada com grande sucesso entre psicanalistas e estudantes. Enquanto no volume 1 os conceitos de inconsciente e pulsão são o objeto de estudo, neste trata-se de expor as conquistas da psicanálise no campo da fantasia e avançar na pesquisa teórica sobre o tema. Analisando produções literárias e artísticas e explorando exemplos extraídos da clínica, Marco Antonio Coutinho Jorge isola de modo inédito um período fértil na obra de Freud centrado na fantasia para elevá-la ao patamar de um dos fundamentos da psicanálise. E a define como a articulação entre o inconsciente e a pulsão – ou seja, entre a linguagem e a sexualidade. Se para Freud a fantasia é uma proteção e constitui a realidade psíquica do sujeito, é a essa realidade psíquica que Lacan irá contrapor o impacto do real. Enquanto a fantasia é uma trama simbólico-imaginária que dá a cada um a sua “janela para o real”, o real é o inassimilável e se traduz clinicamente através da irrupção da angústia e do trauma. Seguindo essa via, uma das teses aqui desenvolvidas é a de que a fantasia fundamental – a que se forma nos primeiros anos de vida como efeito do recalque originário – funciona como um freio ao gozo buscado pela pulsão de morte. Pois é a fantasia desejante e amorosa dos pais do bebê, e deste por eles, que o preserva e lhe indica o caminho para os laços eróticos e sociais. Nesse sentido, pode-se dizer que este livro visa investiga também uma das mais antigas questões postas por Freud: que seria de nós sem o amor?

 

Fundamentos da psicanálise de Freud a Lacan - vol. 3


Freud adiou a escrita de seus célebre artigos sobre técnica por alguns anos, durante os quais a experiência clínica lhe permitiu construir o método psicanalítico e conceber a finalidade da psicanálise. Este volume sobre a prática analítica encerra a trilogia Fundamentos da psicanálise de Freud a lacan. Dando ênfase a esse período da obra freudiana em suas dimensões eróticas e políticas, Marco Antonio Coutinho Jorge situa o “ciclo da técnica” na sequência rigorosa dos ciclos do inconsciente e da fantasia, abordados nos dois volumes anteriores. Os principais conceitos clínicos freudiano – transferência, resistência, repetição, elaboração, entre outros – são apresentados em toda a densidade que adquirem com a grande renovação empreendida por Lacan. Com sua macroteoria do RSI (real, simbólico, imaginário), ele trouxe à psicanálise a concepção essencial do inconsciente como um saber que veio substituir o saber instintual perdido para sempre em nossa espécie. Em consequência, definiu o lugar do analista como o do sujeito suposto saber e situou a operação analítica a partir do não-saber do analista. Tal concepção modificou de modo radical e permanente a prática analítica. Ela é feita exclusivamente com palavras que percorrem os três registros psíquicos: visa a simbolização do imaginário, campo do sentido no qual estamos continuamente mergulhados, e o acesso, ainda que pontual, ao real sem sentido, ao qual a fantasia faz objeção. Vê-se por que Freud, ao tratar da técnica, sempre faz suaves recomendações ao analista e jamais é peremptório. A psicanálise tem sua ética própria, centrada no desejo do sujeito. O importante é que ela se coaduna à perfeição com as mudanças irreversíveis produzidas na cultura atual, fomentadas em grande parte pela própria obra de Freud: a necessidade de surgimento de um novo amor, que ceda em sua ambição narcísica totalizante e conviva com o estranho gozo do qual ele nada quer saber.


As homossexualidades na psicanálise na história da sua despatologização

Dimensões do despertar na psicanálise e na cultura


São Paulo, Editora Segmento Farma, 2013
Autores: Marco Antonio Coutinho Jorge e Antonio Quinet (Orgs.)
Este livro é a reunião de trabalhos apresentados no Colóquio As homossexualidades na Psicanálise - pelos 40 anos de Stonewall e de mais alguns textos selecionados pelos organizadores, com a colaboração de Luciana Marques em todas as etapas de sua realização. O Stonewall, ocorrido em 28 de junho de 1969, é o marco histórico do inicio do movimento de emancipação e liberação dos homossexuais e do combate à homofobia. Quando os clientes desse bar de Nova Iorque reagiram vigorosamente à batida policial de praxe, eles inauguraram, com tal ato, o movimento gay que se alastraria por todo o mundo. Passados mais de 40 anos de Stonewall, encontramos, por um lado, transformações nos costumes e nas leis que apontam para uma maior liberdade de expressão da homossexualidade e, por outro lado, uma grande repressão manifestada em atos que vão da descriminalização das agressões até assassinatos contra homossexuais (em 2011, no Brasil, foram registrados 266 homicídios e 1259 denúncias de violência recebidas pela Secretaria de Direitos Humanos). Constatou-se, também, que o maior índice de depressão e suicídio se encontra dentre as pessoas cuja escolha é por parceiros do mesmo gênero. Desde então, em todo o mundo, estudos dentro e fora das universidades têm se dedicado ao tema de múltiplas maneiras: estudos sobre gênero, identidade, teoria queer etc...E o psicanalista? Estaria acompanhando as transformações da sociedade que repercutem em sua clínica? Estaria ele apto a responder à subjetividade de sua época, no que diz respeito às homossexualidades?


Rio de Janeiro, Contra Capa, 2011
Autores: Marco Antonio Coutinho Jorge, Denise Maurano e Heloneida Ferreira Neri (Orgs.)
Entre ter algo na lembrança, ou na memória, e deixa-lo vir à mente, deixar-se surpreender, tremeluz um mistério sonoro, cuja aceitação se bifurca na possibilidade de interroga-lo e na capacidade de aceitá-lo. O que surge, o que cresce, o que se manifesta e se estrutura, mas também o que decresce, o que se vela e o que tende à morte se combinam em sons e silêncio, permitindo ver que uma das mais difíceis tarefas humanas é ser o que se é, tornar-se o que se deve e, ao mesmo tempo, o que se pode ser, no sentido de se virar com o que se deixa de ser. Um ser já não mais indiviso e, necessariamente, um ser que se deixa ser. As treze contribuições aqui reunidas, apresentadas durante o I Colóquio Internacional do Corpo Freudiano, têm sua leitura escandida pelas três conferências que Alain Didier-Weill pronunciou na ocasião. Oriundas de experiências e países diversos, essas contribuições ensaiam um trabalho conjunto de diferentes vozes, cuja dissonância ensina que o cerne de cada língua, resistente a sua tradução para outros idiomas, é não apenas obstáculo, mas também via de acessos e despertar para o que não se pode compreender e, portanto, das ausências por que nos tornamos fala-seres.


Saber fazer com o real: diálogos entre psicanálise e arte

Lacan e a formação do
psicanalista


Rio de Janeiro, Companhia de Freud, 2007
Autores: Marco Antonio Coutinho Jorge e Marcia Mello de Lima (Orgs.)
Freud admitiu que o recebimento do Prêmio Goethe de Literatura pelo conjunto de sua Obra foi a maior honraria de sua vida, e não julgava supérfluo que o psicanalista se dedicasse à pesquisa da obra de arte como uma das exigências de sua formação. Lacan reconheceu que essa condição para a formação do futuro analista foi outrora negligenciada e imprimiu à conexão Psicanálise-Arte um valor primordial. Orientou seu último ensino em direção à Arte e promoveu uma subversão no sentido de torná-la aplicada à Psicanálise, descartando a possibilidade de interpretá-la, pois em toda criação artística resta algo irredutível ao saber. Saber fazer com o real: diálogos entre Psicanálise e Arte é uma coletânea de artigos de psicanalistas de diferentes regiões do Brasil que dedicam uma parcela considerável de suas pesquisas ao tema. Os textos que compõem a coletânea foram extraídos dos trabalhos apresentados no IV Simpósio do Programa de Pós-Graduação em Psicanálise da UERJ.


Rio de Janeiro, Contra Capa, 2006
Autores: Marco Antonio Coutinho Jorge (Orgs.)
Freud admitiu que o recebimento do Prêmio Goethe de Literatura pelo conjunto de sua Obra foi a maior honraria de sua vida, e não julgava supérfluo que o psicanalista se dedicasse à pesquisa da obra de arte como uma das exigências de sua formação. Lacan reconheceu que essa condição para a formação do futuro analista foi outrora negligenciada e imprimiu à conexão Psicanálise-Arte um valor primordial. Orientou seu último ensino em direção à Arte e promoveu uma subversão no sentido de torná-la aplicada à Psicanálise, descartando a possibilidade de interpretá-la, pois em toda criação artística resta algo irredutível ao saber. Saber fazer com o real: diálogos entre Psicanálise e Arte é uma coletânea de artigos de psicanalistas de diferentes regiões do Brasil que dedicam uma parcela considerável de suas pesquisas ao tema. Os textos que compõem a coletânea foram extraídos dos trabalhos apresentados no IV Simpósio do Programa de Pós-Graduação em Psicanálise da UERJ.


Sexo e discurso em Freud e Lacan

Lacan, o grande freudiano